Indisciplina: O que Fazer ?
No artigo anterior abordei uma questão muito séria que é vivenciada diariamente dentro das salas de aula de todo o país: a indisciplina e desrespeito dos alunos para com os Professores, funcionários da Escola e com os próprios colegas de classe.
Foi relatado também que a indisciplina é legitimada e autorizada pelos meios de comunicação com programas permissivos e principalmente por pais negligentes. Dentro deste cenário frouxo e tão flexível onde prevalece e se dá bem sempre aquele que tem o perfil mais “descolado” e por “descolado”, leia-se “ o mais indisciplinado, arrogante, grosseiro e mal educado”, é de se esperar que a moeda chamada “caráter”, “ valores morais”, esteja tão difícil de ser encontrada e por esta razão Professores do país inteiro se veem sem estratégias para combater esse mal.
Infelizmente, a falta de estratégia está potencializando o problema da indisciplina e a legitimando dentro da Escola. Isso mesmo! Os próprios Professores estão, inadvertidamente, potencializando a indisciplina quando assumem algumas posturas , acreditando que estão combatendo o problema:
0) Gritar, advertir, enviar para Coordenação e aplicar suspensão continuamente, o que acaba banalizando a situação de tal modo que muitos alunos já nem se importam mais e até debocham disputando, uns com os outros, quem terá mais suspensões no final do bimestre.
1) Tratar a questão com indiferença e fazer de conta que não se importa e deixar “rolar”
O ser humano tem vários mecanismos de defesa para “blindar” o emocional e preservar a sua integridade quer seja física, psicológica, etc. Um deles é ignorar determinadas situações, tratando-as como de menor importância e significado tentando assim minimizar o impacto que as mesmas provocam. É uma estratégia também para fazer com que o outro acredite que o que está fazendo não o está afetando.
Porque não funciona? Na verdade ela funciona sim, mas de modo inverso: esta postura diz “ continuem fazendo, pois não moverei um dedo para impedir, estou muito cansada para perder o meu tempo com vocês”. Para os que querem estudar e esperam que você faça algo esta postura também fala e diz o seguinte: “ quanto a vocês, conformem-se, pois não posso fazer nada”. Ou seja: os dois grupos são deixados a revelia.
2) obrigar os pais e alunos, por meios legais ou com medidas enérgicas e ameaças a tomar providências
Não fazer nada é quase tão nocivo quanto abertamente declarar guerra. Entrar em confronto direto é o pior dos cenários, pois medir forças não leva a solução dos problemas, já que os envolvidos estão apenas preocupados em apontar culpados e levantar justificativas isentando-se assim das responsabilidades que lhe cabem.
O real enfrentamento dos problemas só ocorre quando todos abrem-se para negociar a questão e para isso é preciso aceitar fazer concessões e estarem abertos para fazerem mudanças, acatarem novas perspectivas e aceitarem novas direções, isso exige humildade e maturidade. Será que os Pais dos seus alunos estão nesse nível ? Será que você está ?
3) não fazer nada e esperar outros tomarem atitude
“ Vamos esperar que os Pais façam alguma coisa !” “Vamos esperar que o Diretor expulse esse aluno!” “ Vou esperar que o Coordenador aplique uma suspensão no aluno ! “ “Vou esperar a aposentadoria chegar e então eu me livro de tudo isso.”
Quando a “lei do mínimo esforço” entra em ação além de potencializar a indisciplina já existente ainda cria alunos procrastinadores e preguiçosos. Esta postura revela um comportamento medíocre e incita os alunos a fazerem algo.
4) mudar de profissão devido ao esgotamento nervoso
Muitos Professores chegam nesta condição quando já percorreram as situações descritas nos itens 0, 1, 2 e 3. Tudo isso por quê? Falta de ferramentas adequadas para lidar : com alunos, com o sistema educacional, com as famílias, com alunos infratores, com a violência no entorno das Escolas e um sem número de situações que envolve o ato de educar e de ser Educador.
Quero que você faça a seguinte reflexão: Médicos e Enfermeiros que tratam pacientes terminais com o vírus HIV precisam tomar as devidas precauções para não se infectarem com o vírus, para isso há vários procedimentos que precisam ser seguidos para que não haja contágio e assim é em várias profissões e situações.
O Educador também lida com situações de alta periculosidade para sua saúde física, mental e emocional, então porque não ter procedimentos ? Por quê entrar desavisadamente na sala de aula ?
Infelizmente, estas são as posturas mais comuns utilizadas no dia a dia dentro da Escola, onde vários Professores acreditam estar combatendo a indisciplina na sala de aula, o fato é que a indisciplina em muitos casos até piora. O que fazer então ?
5) criar estratégias para minimizar, contornar ou corrigir uma situação
Estratégias só poderão ser criadas quando temos as ferramentas corretas para tal. Isso só ocorre quando buscamos o conhecimento e adquirimos novos aprendizados, que extrapolam o diploma universitário.
Veja abaixo algumas sugestões de novos caminhos que o Professor precisa trilhar para adquirir essas novas ferramentas:
– aprender como desenvolver um gerenciamento efetivo da sala de aula envolvendo tempo, rotina, disciplina e consequência
– aprender e dominar práticas de ensino diversificadas
– implementar procedimentos didáticos e metodológicos em todas as aulas
– aprofundar conhecimentos sobre o funcionamento/interesses de cada faixa etária
– ao lidar com jovens e adultos aprender sobre pressupostos da Andragogia
– aprender sobre mediação de conflitos e criar grupos em cada turma
– levar os conflitos do dia a dia da Escola e/ou Comunidade para debate em sala
– ter coerência nas ações e respeito entre os membros da equipe escolar
– priorizar e participar da educação continuada dentro e fora da Escola
– solicitar orientação individual quando necessário
– aceitar ser cobrado e responsabilizado pelo cumprimento e/ou negligência dos seus deveres
– mobilizar entidades de classe para que incluam na pauta de reivindicações alteração na legislação existente, prevendo sanções e penalidades severas para alunos e Pais que tratarem com desrespeito o Professor e que estejam impedindo o Professor de realizar o seu trabalho.
O Professor não é o vilão e também não é o “salvador da pátria “. Cabe ao Professor guiar, apontar caminhos. Todos seguirão ? NÃO ! Porém é preciso que os alunos saibam que você está acima da mediocridade.
O maior inimigo do Professor não é a indisciplina e nem o aluno. O maior inimigo é a ingenuidade de acreditar que é possível entrar em uma sala de aula e educar apenas com o diploma nas mãos.
52 Comentários
Prof.Jádima Correia Gomes
Realmente a indisciplina na sala de aula é o principal fator do não cumprimento do currículo escolar.Acredito que a sociedade tem muito à aprender quando falamos em educação.Pois sabe-se que educar para a vida é de responsabilidade de todos: família, escola e sociedade.Estou na educação há (07) anos.Por muitas vezes me sinto impotente diante dos atos de indisciplina.Este artigo irá me ajudar bastante.
EIZLA MARIA AFONSO FERREIRA
Sei que nada ajuda dizer isto, mas estou desanimada com a educaçao por causa da indisciplina que vivencio em sala de aula e que nao sei como agir.