Como Fazer a Inclusão

Como Fazer a Inclusão

Diariamente recebo e-mails de Professores que desabafam suas angústias e desespero por não saberem como trabalhar com crianças ou jovens que apresentam alguma necessidade especial. Na pesquisa realizada com Coordenadores também foram relatadas várias inquietações referente a esse tema.

Assim, visando oferecer mais subsídios para Professores e Coordenadores, iniciarei uma série de artigos voltados ao esclarecimento das Deficiências.

Infelizmente, a Universidade não prepara o Professor para lidar com essas crianças, por outro lado a Escola também não contempla, na formação continuada, dar conta desta questão e capacitar os Professores e Funcionários de Apoio para de fato tornar a inclusão uma realidade.

Mas de que inclusão estamos falando? Saiba que matricular a criança e fisicamente  garantir uma carteira dentro de uma sala de aula NÃO é inclusão ! Fazer a equivalência idade/série sem contemplar o devido apoio pedagógico também NÃO é inclusão. Tentar enquadrar a criança ou jovem no mesmo nível pedagógico que os demais alunos também JAMAIS será  inclusão.

Vivemos em um mundo real e por esta razão é preciso analisar o contexto atual em que estas crianças são recebidas: salas de aula lotadas, um único Professor, sem a devida capacitação para lidar com nenhum tipo de deficiência, a equivalência idade/série que acaba promovendo apenas a inclusão social, já que a criança ou jovem convive com outras crianças da mesma idade cronológica, porém há que atentar que a idade mental, dependendo da deficiência, não contemplaria nem mesmo esta “inclusão social”.

Ainda há a situação em que todos os anos muitas Escolas são surpreendidas com o recebimento de alunos com necessidades especiais (com paralisia cerebral, limítrofes, ou algum tipo de síndrome), sem que tivessem sido informadas de tal fato pelas famílias. Por outro lado, a família, com  receio de não conseguir a vaga, omite as reais necessidades da criança, deixando assim, a Escola sem subsídios para iniciar o trabalho pedagógico. Saiba que está situação é mais comum do que parece.

A SURPRESA:

Nos primeiros dias a Professora observa que aquela criança não interage com as demais crianças, demonstra comportamento diferente para a idade, e não se desenvolve no seu aprendizado. As tarefas que a criança realiza estão muito aquém do grupo, ou então a criança nada realiza em todo o período que fica na Escola. As notas estão sempre  abaixo do esperado, o comportamento é agressivo, ou indisciplinado,  desestabilizando  todo o grupo.

O QUE FAZER?

A família começa a cobrar os resultados da Escola e da Professora . A Escola por sua vez, não dispõe de informações, laudos e diretrizes que possam nortear o trabalho pedagógico.        Se você tem algum aluno nesta condição, aqui vão algumas sugestões que podem ajudar:

  •    Convocar a família para uma Reunião e solicitar pos escrito: Avaliação Psicológica, Neurológica ou outras que julgar necessárias,
  •    Dar um prazo para a família entregar o parecer médico na Escola,
  •    Encaminhar o aluno para as terapias, caso a criança ainda não esteja realizando, conforme os laudos recebidos;
  •   Solicitar cópia do Receituário para verificação de quais medicamentos o aluno faz uso, pois muitos deles ocasionam mudança de comportamento e    interferem na atenção, ocasionando lentidão de aprendizado e memória, bem como agitação,
  •   Levantar, junto a família, qual é a rotina do aluno, pois os familiares de crianças especiais tendem a ser permissivos, assim eles crescem sem regras, disciplina ou boas maneiras;
  •  Atualizar o prontuário do aluno com todo o registro (cópias) de diagnósticos de especialistas tais como: Neurologista, Psiquiatra, Psicólogo, Fonoaudiólogo, Psicopedagogo, Terapeuta Ocupacional e outros, conforme o caso;
  •  Estude sobre a deficiência do seu aluno, aprenda sobre suas características e sintomas, de modo a saber detectar quais comportamentos acompanham determinada deficiência, para que você tenha mais elementos e possa distinguir o que é da doença e o que é falta de disciplina e educação ;
  •  Solicite Relatórios periódicos das terapias que a criança estiver realizando, se possível  mantenha contato direto com o Especialista em questão;
  • Caso a família fique protelando indefinidamente as providências que o Professor solicitou, acione o Conselho Tutelar e alegue que a família está sendo negligente com as necessidades da criança.

Após tudo isso feito e levantado, chega  a hora de:

  •  criar plano de curso específico e bem variado  para as necessidades de cada aluno,  para isso consulte as Diretrizes Curriculares para Educação Especial e os PCNS.
  •  criar plano de rotina/disciplina para que a família implante no lar
  •  entrar em contato periódico com os profissionais que fazem a terapia do aluno para fazer o acompanhamento da evolução do mesmo.
  •  criar uma rotina na escola e sala de aula, o que exigirá paciência e persistência
  •  promover a inclusão social (com os demais alunos), física (adequar as instalações  físicas), pedagógica (atividades diferenciadas e focadas nas necessidades do aluno)
  •  na impossibilidade de realizar o que está sendo exposto, cobre do poder público o que estabelece a LDB no seu artigo 58 e 59

E então esse artigo foi útil para você ? Tem ideias e quer compartilhar ? Envie seus comentários.

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Leitura Sugerida:

– Resolução no. 04 de 13.07.2010 – Define Diretrizes  Curriculares para a Educação Básica

– Nota Técnica – SEESP/GAB/NO. 11/2010 – Orientações para Atendimento Educacional Especializado

 

Sugestão de Filmes sobre Inclusão:

  • – Primeiro da Classe ( um homem com síndrome de Tourette torna-se Professor)
  • – Temple Grandim (autismo)
  • – O Milagre de Ann Sullivan  (auditivo)
  • – Como Estrelas na Terra – Toda Criança é Especial (Taare Zameen Par) (dislexia)

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Roseli Brito: Pedagoga, Psicopedagoga, Neuroeducadora, Educadora Financeira

64 Comentários

  • Daize Adriani

    Ola Roseli,

    Estou enfrentando este problema em minha sala de aula. Tenho 19 crianças e não tenho adjunto. Em minha turma tenho uma criança especial, suspeito ser autismo, porem ainda não temos os relatórios médicos. Ele não fica passando um carrinho pelas parede da sala o tempo todo é bastante agressivo e também é estrábico.
    Enquanto não tenho o relatório médico. Qual sua sugestão para o trabalho com ele.

    Obrigada

    Daize

    • Roseli Brito

      Daize,
      Aqui em São Paulo o Estado foi condenado pelo Ministério Público a garantir escolarização adequada para crianças Autistas. Isso significa ter um Pedagogo e um Monitor dentro da sala de Aula, ter uma Equipe Multidisplinar dentro da Escola composta de no mínimo Psicologo, Fonoaudiologo, Terapeuta, Psicopedagogo, bem como Plano de Trabalho diferenciado.
      Sendo assim esta mãe deverá ser encaminhada para que solicite junto a Secretaria de Educação a Escola adequada. Enquanto isso você pode solicitar que a Coordenação fique com você dentro da sala de aula, ou então que a mãe da criança esteja com você para conter a criança até que a mesma seja encaminhada para receber trabalho pedagógico adequado.

  • eliene

    Roseli, amei esse artigo,mas até agora estou sem saber como trabalhar com as crianças especiais que tomo conta numa escola municipal,pois são cinco e cada um com uma deficiência diferente.
    Abraço….

  • Simone

    Bom dia Roseli

    Estava lendo o seu artigo e concordo com você no que coloca a respeito dos deveres dos pais, e quando o colégio não atende as necessidades especiais da crianças se coloca como inclusão e tem uma sala de4 aula cheia de alunos não sabe lidar com o próprio com a sua dificuldade???. Eu tenho um filho com dificuldades de aprendizagem e com uma leve surdez, fiz tudo o que vc colocau acima dei todos os laudos, pago todos os tratamento dele e dou laudos para a escola e mesmo assim a escola não consegue lidar com essa situação, vc colocou coisas a respeito dos pais negligentes e a escola quando e negligente vc tem o que a dizer???? Não estou te criticando só gostaria de saber a sua opinião quando nos pais somos lesados em relação a esse assunto. Aguardo a sua resposta

    • Roseli Brito

      A Escola precisa equipar-se para dar conta de todos os alunos que chegam.
      Quer seja investindo em recursos materiais e pedagógicos, realizando adaptações nas instalações, provendo educação continuada e aperfeiçoamento técnico do docente que lá está, senão estaremos todos “brincando de escolinha” ao invés de realizar a inclusão dos alunos. Como sempre digo é uma via com vários atores, Família, Docente, Escola, todos cumprindo com o papel que lhe cabe.

  • NILA

    Boa noite, Roseli amei,vc sempre nos supriende,Deus te abençõe.

  • Silvia

    Li o artigo e varios depoimentos. Parece que o que ocorre em minha escola e diferente do que acontece na maioria dos depoimentos acima. Os alunos que possuem um laudo medico tem direito a um professor de apoio que fica o tempo todo ao lado dele na sala de aula, acompanhando-o em todas as suas atividades, de forma individualizada ( menos nas avaliaçoes, onde e estimulado a fazer sozinho, se o comprometimento for em menor grau ). Esse professor e modulado normalmente, com 30h semanais. Fazemos um plano diferenciado em alguns casos, em outros apenas adaptamos. Nao ha desconforto para os alunos e nem para os professores regentes da sala. Tudo e estudado e planejado em reunioes mensais, com todos os prefessores, e em reunioes semanais com os professores de apoio. Temos alunos com autismo, hiperatividade, down, def. motora, cego, surdo, entre outros, todos com laudos. E possivel ensinar, e possivel que aprendam. Porem o mais importante e respeitar a forma e o tempo de cada um, seja aluno com deficiencia ou nao. Cada um e cada um.

  • Leonice, Maria Lucia e Paulina

    Olá Roseli, nós lemos seu blog e achamos muito interessante. Cursamos pós graduação em Inclusão e Educação Especial e concordamos quando você diz, que por a criança com NEE é fácil; mas isto não é incluir; pois a inclusão necessita da família, e profissionais responsáveis e espaço físico adequado, visando melhoria dessa criança

  • jacqueline katia

    olá querida, venho acompanhando seus artigos e confesso tem me ajudado muito na mudança da minha prática pedagógica.
    este ano estou com 5 alunos de inclusão, sendo 2 com deficiencia intelectual e 3 com baixa visão.tenho dificuldades em preparar atividades para eles, pois é a 1ª vez que me vejo nesta situação, tenho feito muito cursos e lido muito material a cerca da inclusão, mas confesso na hora da prática a coisa muda de figura.peço -lhe um grande favor se possivel mande-me sugestões de atividaes para estas crianças. a escola em que trabalho utiliza a metodologia de projetos e a I e II unid é sobre identidade. fico no aguardo. bjs

  • Sergio Pessôa

    Roseli,minha reclamação é que as crianças com necessidades especiais são jogadas em nossas salas de aula, pelos governos – em tese cumprin-do as leis – e pelos pais,para se livrar,por um tempo destes “problemas”,tendo-me como regente que, em tempo algum,teve qualquer tipo de habilitação para trabalhar com esta clientela.Meu segmento é Ensino Fundamental,6º a 9º Anos e Ensino Médio.Não fiz Normal,nem Pedagogia,especificamente nada que me habilite a lidar com estes casos.Como posso incluir, se não me sinto incluido,por não ser habilitado? Há um profissional em minha escola municipal que crê bastar vontade de incluir,que tenho que buscar aprender para ensinar a uma minoria – que em breve pode até ser maioria,mas não já -,até porque sei que com o envelhecimento da população,mais cedo ou mais tarde,escolas de ensino fundamental serão minoria (obs.:sou professor de geografia).Grato pela sua mensagem.Vai para o mural dos professores.Sergio Pessôa da Silva.

  • Mariane Messina Menegassi

    Olá, Roseli!
    Muito obrigada pelas preciosas dicas. É sempre bom aprendermos compartilhando experiências. Ainda não precisei de fato lidar estes alunos, mas em estágios presenciei a dificuldade que os professores, não preparados para essa demanda, tinham com alunos principalmente surdos-mudos. Infelizmente não pude ajudar muito também. Vejo que é preciso que haja uma grande reflexão sobre o conceito de inclusão, que ao meu ver, estão pensando que é só dar acesso à educação. Sabemos que só isso não basta. É preciso incluir de verdade, aprender de verdade a se relacionar com estes alunos para que de fato exista uma inclusão, e não uma inclusão mascarada que está havendo pelo Brasil e mundo afora.

  • Aidê Souza Ferreira

    Muito bem comentado o seu artigo. Parabéns!Gostaria de saber mais sobre como lidar c/ alunos portadores de necessidades especiais. Inclusive, eu e alguns colegas recebemos este ano, em nossa turma de 6º ano, uma aluna q/ não fala. Ajude-nos!

    Atenciosamente,

    Aidê

  • NILA S G E DA SILVA

    BOA NOITE,ROSELI OBRIGADA PELO MATERIAL QUE VC TEM ME ENVIADO.AMEI…………

  • lucelia

    boa tarde!ROSELI.Adorei todo o artigo.voce estar de parabens,vc tem me ajudado muito na minha sala de aula,aprendi muito com voce.bjss…

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